segunda-feira, 19 de abril de 2010
O Massacre de Eldorado dos Carajás
Todo mês de abril, o MST se mobiliza em todos os estados com ocupações de latifúndios, órgãos públicos como o Incra, Secretarias de Educação, e outros, para além de reivindicar a realização da Reforma Agrária com o assentamento de famílias Sem Terra acampadas pelo país, para também marcar a data do crime ocorrido em Eldorado dos Carajás, no Pará. O fato ficou conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás e resultou no assassinato de 19 companheiros por policiais militares do estado, que é conhecido como um dos mais violentos quando falamos de luta no campo.
Há quatro anos, eu e uma companheira fomos ao Pará para realizar um especial para rádio que contasse todo o caso e denunciasse a impunidade que completara 10 anos. Falamos com sobreviventes, advogados, Ministério Público e inclusive um grande latifundiário da região, da família Mutran. É claro que neste caso não nos identificamos como Movimento Social, mas ele nos recebeu em sua fábrica de castanhas que estava sendo protegida por policiais militares na entrada.
Foi um enorme aprendizado, conhecemos pessoas maravilhosas e uma realidade bruta. Esta região do sudeste paraense é tomada por pastos de conhecidos coronéis que construíram seu império por meio da violência contra trabalhadores. Para evitar a morte de seu gado, eles matam as castanheiras de suas terras, prática proibida no estado. Para não derrubarem as árvores, eles furam o tronco, colocam óleo e tacam fogo. Os enormes troncos de castanheiras queimadas nos pastos se torna paisagem comum... E uma castanheira não sobrevive sozinha, depende da outra para viver... Por isso, no local dos assassinatos, tem 19 troncos de castanheiras em homenagem aos trabalhadores.
Hoje, a situação dos mandantes do crime acabou não mudando. Dois comandantes (coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira) foram condenados na pena máxima, mais de 200 anos de prisão, mas a justiça, por meio do Supremo Tribunal Federal concedeu a liberdade enquato recorrem à decisão. E é claro que o então governador Almir Gabriel (ex-PSDB), e o secretário de Segurança, Paulo Sette Câmara não foram sequer julgados. Na época tentamos falar com todos, mas obviamente eles não nos atenderam.
Segue o link da série de reportagens especiais para rádio. Tudo pela www.radioagencianp.com.br.
Confiram. Para quem não quiser ouvir, tem os textos. E no meu flickr também tem algumas fotos da viagem.
Massacre de Eldorado dos Carajás: 10 anos depois.
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