sábado, 15 de agosto de 2009

Atchim! - Aconteceu comigo


Mesmo completando quase um mês da fatídica história, não posso deixar de socializar aqui neste espaço o que aconteceu comigo. Na verdade, aproveitando esta deixa, “aconteceu comigo” estará sempre presente neste blog, mesmo que raramente (quando escrevo).

Bem, resolvi, no mês de junho, depois de pensar, pensar, pensar, passar uns dias em Buenos Aires. Não que pra mim seja como ir ALI visitar alguém, mas eu queria muito já conhecer um outro país da América Latina. Este é o terceiro de muitos que virão.... Mesmo que demore anooooos pra ter este tempo ($$). Juntei uma grana, achei uma ótima promoção e fui com alguns trocados. Ah! Não posso deixar de colocar aqui que grande incentivo da viagem foi pela minha mãe, que estaria por lá também alguns dias, pois depois iria para El Calafate, e outras regiões geladas do continente. Estavam ela, minhas duas queridonas tias, e um tio de tabela. Ótimas companhias! Passamos três dias juntos e cê ta ligado que com mamãe e outros tudo fica mais barato: comida, hospedagem, etc... Eles se foram..... Fiquei super triste, mas também não tinha tempo ($$) para descer mais ao sul do país. Fiquei! Cidade linda!

Depois de passar uns apertos, fui para um albergue genial! Conheci pessoas, lugares, música, livros... Um ótimo passeio. Mas vou dizer... Se há algum tempo as praias brasileiras eram consideradas quintais dos argentinos, hoje Buenos Aires é cheio de brasileiros. Quando digo cheio, é cheio mesmo. Teve um feriado aqui e lá lotou! Só havia brasileiros. Era um tal de “tira uma foto da gente por favÔ” no lugar de “saque una foto de nosostras, por favor” que peloamor! Só se ouvia português na rua. Enfim, mas esta é a história da viagem.... Conto num próximo episódio. O que quero contar agora é a volta dela.

Quando voltei foi na semana dos noticiários se darem conta somente da gripe suína. Por uma bela coincidência, resfriei, tossi pra caramba, fiquei mal, me desesperaram. Fui no pronto socorro aqui do bairro achando que eles teriam como identificar a gripe suína. Não acreditava que poderia estar com gripe suína, mas me veio à cabeça o pensamento tipo “Isso nunca vai acontecer comigo”, mas quando acontece, você pensa que pensou aquilo e acha que pode acontecer com você, mesmo que vc pense que não pode acontecer contigo. Enfim, uma idéia louca na cabeça.

Cheguei lá, alguma hora de espera, muitas pessoas. Percebi que o atendimento era feito em cinco segundos. Pensei: Nossa! Bom médico este. Chegou minha vez.
– Nina Fideles.
Entrei. Olhei, ele não olhou, sentei, ele perguntou:
- O que você tem?
- Ah! Dor de cabeça, muita tosse, moleza no corpo. Sintomas de uma gripe normal.
- Hummm. (escrevendo).

Suas unhas estava sujas... Ótimo!Daí pensei que socializando com ele a minha preocupação e meu ato de prevenção ao ir alí, iria facilitar a nossa vida e disse:
- Voltei da Argentina há cinco dias.
– O quê??? E porque não veio aqui antes?? Vc foi trabalhar? Que irresponsabilidade!!
Depois disso não tive tempo de falar mais nada. Ele saiu da sala, me trouxe uma máscara, já portando uma na cara. Disse para eu esperar. tentei perguntar o que fariam. Ele não soube responder.... Me disse para aguardar no consultório dele sem sair. Sem sair!! Um clima de pânico se instaurou no pronto-socorro.

(Heheheh. Que situação! Fico com vontade de rir.)


Comecei a ver várias pessoas passando no corredor, de máscaras, e olhando de relance como se disfarçando para dentro da sala para me ver. Me senti num zoológico. Do outro lado da jaula. Como já estava esperando já há algum tempo fiquei p da vida. Quem passava ouvia de dentro da sala: tem que pagar ingresso, ou algo do tipo. Perdi a linha mesmo. Ninguém dava informação nenhuma. Alguns chegaram a dizer que o médico que havia me atendido já tinha ido embora.... Liguei pro Crônica, que logo chegou. Ele na verdade sabia deste o início que eu não tinha nada. No fundo, no fundo eu também, mas vinha logo aquele sentimento de não pode acontecer comigo e se acontecer vou me lembrar de que em algum momento pensei que poderia e blá blá blá... Queria tirar a prova! Ficamos uma hora e lá vai dentro do consultório. Eu já falando para o corredor que ia espirrar em todo mundo, tossindo pra todo canto. O Crônica, depois de muita insistência, me convence a fugir. A Fuga! Decidimos sair. Simplesmente sair. Liguei para o Hospital Emílio Ribas que na verdade era pra onde iriam me mandar... Aliás, quando eles decidissem fazer alguma coisa. E fomos! Saímos tranquilamente do pronto socorro sem ninguém nos dizer nenhuma palavra. Mas adorei ver todos os atendentes de máscaras lá fora. Achei surreal. Chegando ao Emilio Ribas, muitas pessoas. Lá eu não era mais uma estranha. Todos estavam de máscaras. Me encontrei! Kkk.

Ao longo de três horas de espera, a gente sempre vê muita coisa. Crise de choro, choro real, e cenas engraçadas. De repente me chega uma ambulância com uma moça dentro e uma acompanhante enfermeira. Ambulância particular, convênio... Logo vi que tentariam dar um furo na fila, tentaram, tentaram.... Deram maior banca. Mas não foi desta vez.

Meu nome. Entrei. Mais um médico no dia. Na verdade vários. Foi um entra e sai da sala que continuava sem entender nada. A única coisa que ele fez foi uma pergunta, seguida da minha resposta negativa, e ele me pergunta o que eu estava fazendo ali. Eu e a outra menina que estava comigo. A mesma pergunta, a mesma resposta e a mesma reação. O que vocês estão fazendo aqui?????

Foi a deixa para explodir minha indignação com o despreparo, com a falta de triagem dos prontos socorros, com a falta de informação e que acabava sobrecarregando apenas um ponto de atendimento, com a mídia, com o médico do pronto socorro. Aquele que sumiu. Enfim, fui liberada. Joguei a máscara no lixo depois de umas sete horas com ela na cara.

Bem, aconteceu comigo, mas não espero que aconteça com ninguém. Aliás, se acontecer que o final seja como o meu. Um diagnóstico tranquilo. Ah! E a pergunta do médico foi: você teve febre?? Eu não tinha lido isso em nenhum dos milhares de panfletos e jornais que havia lido. Simplesmente. Se não há febre não se preocupe. Hoje todos devem saber disso, mas confesso que não tinha idéia desta informação de segurança na época.

Ah! O nome do blog é Gostei e Indico, portanto, depois desta coisa toda de gripe suína, vá à Buenos Aires. Hoje ainda está mais barato. Ontem vi uma promoção de 185 reais a ida. Num albergue vc gasta super pouco, conhece pessoas, fica confortável e tem acesso a boas programações. E não deixe de visitar o Boca! Lindo bairro, povo super receptivo. Num próximo episódio eu conto mais....